Eu Te Devoro: a
metáfora dos desejos
O cantor e compositor, Djavan, nasceu em Maceió
no dia 27 de Janeiro de 1949. Suas músicas são conhecidas pela ousadia que ele
tem de compor e usar nas suas letras sentidos metafóricos. Uma de suas músicas
mais conhecidas chama-se “Eu Te Devoro”,
lançada no ano de 1998, para o álbum solo “bicho solto”, sendo esta o maior
destaque do álbum. A letra da canção
fala sobre um relacionamento amoroso, no qual encontra-se a forte presença do desejo
carnal. Desse modo, essa música acaba sendo exposta como uma declaração de amor
e ainda pode-se perceber algumas características parnasianas, embora seja uma
poesia contemporânea, por apresentar uma estrutura fundamentada em rimas bem
elaboradas.
De acordo com Paschoalin & Spadoto (2008),
metáfora é um termo empregado com sentido de outro. É fundamentado nessa figura
de linguagem e no culto à forma poética, que Djavan compõe as suas canções, e Eu Te Devoro acompanha essa
característica, sendo por isso assemelhada a estrutura da poesia parnasiana
onde há uma junção de palavras que organizadas, resultam em rimas bem
elaboradas.
Na música “Eu Te Devoro”, encontramos logo na
primeira estrofe, uma certa confusão da “pessoa do discurso” com relação a
pessoa que por quem provavelmente está apaixonado, quando ele diz: “Teus sinais,
me confundem da cabeça aos pés, mas por dentro eu te devoro, teu olhar, não me
diz exato quem tu és, mesmo assim eu te devoro...”, encontramos aqui uma evidência de que ele
não conhece a fundo a pessoa que ama, mas mesmo assim torna-se inevitável a
atração e o desejo de tê-la, evidenciando-se a atração carnal. Já na segunda
estrofe pode-se perceber que quando se diz: “Te
devoraria a qualquer preço, porque te ignoro, te conheço, quando chove ou
quando faz frio”, aqui encontramos uma distorção se comparada a primeira
estrofe, pois, agora a canção já mostra
que a pessoa apaixonada já conhece a outra muito bem em qualquer circunstância
e, consequentemente, a atração e o desejo de tê-la continua predominante. Nas duas últimas estrofes da música, encontramos
a exaltação da figura da pessoa amada, comparando-a sempre a algo sublime. Tal
conclusão pode ser retirada dessa música, ao analisar-se a seguinte estrofe: “É um milagre tudo que Deus criou, pensando
em você, fez a via – láctea, fez os dinossauros, sem pensar em nada, fez a
minha vida e te deu”. Djavan
finaliza a música mencionando o seguinte: “Eu
quero mesmo é viver, pra esperar, esperar, devorar você...”, aqui podemos
notar que mais uma vez o compositor destaca o desejo existente em uma pessoa de
envolver-se carnalmente e emocionalmente com outra.
Contudo, o compositor de Eu te
Devoro, Djavan, expressa por meio dessa canção algo que pode ser entendido
como um sentimento amoroso, ressaltando com bastante intensidade tudo que sente
pela “pessoa amada”, caracterizando-se então como uma poesia analisada não
somente como uma canção para as pessoas apaixonadas, mas também como uma
combinação harmoniosa entre uma melodia prazerosa e uma estética poética bem
elaborada.
Mas e quando ele compara " te devoraria tal Caetano a Leonardo de Caprio" o que você e acha que ele gostaria de estar informando ?
ResponderExcluirAlias parabéns pelo texto amei lê-lo
Essa parte é uma referência à uma entrevista antiga na qual o Caetano expressa o amor pelo ator Leonardo de Caprio.
ExcluirVamos perguntar pra quem inventou a mudica
ExcluirEra essa parte q eu queria saber
ResponderExcluirCaetano em uma entrevista q não lembro agora exatamente qual...quando questionado sobre os talentos do ator Leonardo di Caprio cobriu-o de elogios demonstrando profunda admiração por seu trabalho..seria isso? Devorar a tal Caetano a Leonardo di Caprio? Admirar profundamente,talvez até idolatrar a certo ponto;acho q pode ser isso sim, espero ter ajudado.
ResponderExcluirminha interpretação para "te devoraria tal Caetano à leonardo di caprio" é são ícones da poesia e do galã, hoje em dia é menos evidente mas em 98, quando a música foi lançada, Leonardo di caprio tinha feito Romeu + Julieta e Titanic, é se consagrou como um galã. Acredito que Djavan brincou com a expressão "de tal a fulano" normalmente usada para determinar uma escala de algo fraco a algo forte, mas na canção ele usou dois exemplos do que ele quer ser pra mulher amada sendo ambos "fortes". como se eu dissesse para a mulher que amo que ela acorda diferente todos os dias, de Marilyn Monroe à Scarlet Johansson.
ResponderExcluirAs letras do Djavan como sempre muito lindas e cheias de metáforas. As músicas dele exigem um certo intelecto para serem interpretadas. Infelizmente o tempo das canções mais líricas se foi... Hoje as músicas são compostas apenas pra fazer as pessoas dançarem e beberem.
ResponderExcluirNo caso dessa parte " te devoraria tal Caetano a Leonardo de Caprio". Interpreto eu como a pratica de "antropofagia", na qual alguns povos antigos costumavam comer um ou mais partes dos corpos de povos que foram derrotados em guerra. Vale ressalva que não é um canibalismo, levando em consideração a falta de predatismo, se caracteriza como um ato simbólico, no qual esses povos que se alimentavam de outros, entendiam que quando fossem comer os adversários ganhariam suas habilidades e ensinamentos.
ResponderExcluirEle a compara com algo sublime?
ResponderExcluir